Em sua oitava edição a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) foi muito criticada, do início ao fim. Muitos acharam que este ano o evento teve um cunho político, outros que o autor homenageado não tinha muito a ver com literatura, entre outros questionamentos.
No entanto, é inegável reconhecer o respeito da organização com relação ao público, aos autores convidados, a programação e os horários. Não há como negar a beleza de Paraty e a hospitalidade de seu povo.
Mas o que marcou a Flip foi outra história...
Andar nas ruas de Paraty nos dias da festa é cativante. Cada esquina brota inúmeros artistas de rua, livros caindo dos galhos das árvores, músicos tocando ao ar livre, uma miscelânea de cores, sons e vivências que compõem a maior riqueza do evento.
A rua vira picadeiro, o cordeirista vira celebridade. A programação da calçada é tão cativante quanto a presença dos autores de best-sellers, artistas e celebridades. A literatura do poeta que pede para o leitor oferecer o preço da obra, ao lado de um realejo de fantoche. O quadro exposto no meio-fio sob a luz do Sol, incomparável com a iluminação computadorizada de qualquer Louvre.
Mas a programação oficial também teve seu brilho. Autores que fazem parte da colcha de retalhos do pensamento contemporâneo expuseram suas idéias, questionamentos, visões de mundo. O homenageado Gullar presente, os ícones da contracultura, Shelton e Crumb, também. A rebelde Allende. Os bombardeios de Azar Nafisi e Salman Rushdie contra os aiatolás. Drummond e Gilberto Freyre em memória.
A Flip ainda encantou pelo trato com as crianças, oferecendo uma programação extermamente lúdica e interessante. Shows musicais, peças de teatro, contação de histórias, oficinas artesenanais, entre outras inúmeras atividades propostas.
A oitava edição da Festa Literária Internacional de Paraty acabou. A luz apagou, a noite esfriou. Agora, os Josés e Marias voltam para casa, esperando uma nova oportunidade de contrapor a realidade.
por Mário Barroso
MAC/BRASIL
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