sábado, 2 de agosto de 2014

Con-Tradições

fonte - www.diariosorocaba.com.br
Como entrar nesse debate, de leve ou de sola? Apresentar as versões ou defender de forma apaixonada uma causa? No caso da Entrada dos Carros de Lenha e da presença dos carros de boi nas Festas de Agosto de São Roque, prefiro apenas subir no muro com algumas questões, visto que há alguns dias observo pela internet e ruas da cidade uma polarização do debate, entre os que são a favor e os contrários a presença dos animais no desfile. Me incomoda, o silêncio.


Nas mídias antissociais meia dúzia de ativistas convocam protestos pela saúde e integridade dos animais. Pessoas alheias comentam, curtem e compartilham. Do outro lado, no telefone sem fio, os boiadeiros alegam que não teriam mesmo como vir e que os bois são tratados melhor que muita gente. Os festeiros comentam sobre a burocracia na Prefeitura, custos, enfim, se caminharmos por aí daremos sempre na boataria da mesma praça.


Ao abrir o foco, ampliar a visão de modo que a realidade pareça uma paisagem, é possível exercitar com mais profundidade a reflexão sobre o tema. De cara, é ponto facultativo afirmar que não haverá consenso. No entanto, deve prevalecer como se trata a discussão e como se dão os argumentos na mídia e na sociedade local.


Se pensarmos no conceito de patrimônio cultural, de códigos comuns entre grupos e comunidades urbanas ou tradicionais, tudo ganha e perde sentido. Afinal, quem deve ou pode afirmar quais tradições devem ser mantidas ou descartadas? Devido sua crença, valor, ideal, uma tradição, ou parte dela, deve ser eliminada por conter partes impróprias à sua cultura? Vale a pena lutar por uma tradição, seja ela qual for? Ou ainda, tantas outras...


Caminhamos até aqui destruindo, alterando e construindo tradições, sem o menor critério, apenas por fetiche e dominação. Esse simples episódio, por exemplo, mostra o quão frágil são os elementos que compõem uma tradição e rasas as bases para sua quebra.


É arriscado sair afirmando serem raros os ativistas que se apresentam coerentes, que outros tantos saem por aí vestidos apenas de meia causa e que poucos sãos os que realmente se importam com a manutenção da tradição na cidade. Também seria cruel dizer que todo o resto, como eu, utiliza a questão apenas como tribuna, palco ou vitrine.



Portanto, me encantam muito mais as perguntas do que as respostas!