segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Reunião do Fórum Permanente de Cultura

Caros artistas, produtores e fazedores de cultura,


as reuniões do Fórum Permanente de Cultura de São Roque continuam sendo realizadas
na última segunda-feira de cada mês, a partir das 19hs.

Hoje (30/08) tem reunião, no Núcleo de Música do CEC Brasital.

Participem da reunião para saber a resposta da Prefeitura Municipal da Estância Turística de São Roque, com relação ao texto enviado pelo Fórum Permanente de Cultura,
sobre a criação do Conselho Municipal de Cultura de São Roque.

Participe da criação da Política Pública de Cultura da sua cidade!

Saudações culturais!


Fórum Permanente de Cultura
Reuniões: última segunda-feira de cada mês, às 19hs.
Infos: cultura@saoroque.sp.gov.br
mario81_sr@hotmail.com

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Salman Rushdie marcou presença na Flip



Pela segunda vez o escritor Salman Rushdie (Mumbai, Índia) esteve presença na Flip. Com a publicação da obra Os filhos da meia-noite o autor ganhou o prestigioso Booker Prize (1981), o Booker of Bookers (1993) e o Best of the Booker (2008). Neste ano, Rushdie veio para lançar seu novo romance: Luka e o fogo da vida.

No entanto, a obra que lhe rendeu mais popularidade foi Os versos satânicos (1988), quando recebeu o Whitbread Prize e ficou mundialmente conhecido devido sua condenação pelo aiatolá Khomeini, devido ao conteúdo do livro: “Na verdade eu passei boa parte da minha vida de escritor refletindo sobre o fanatismo, mesmo antes de ‘Os versos satânicos’. E já acompanhava o crescimento do extremismo fundamentalista antes de ele se voltar contra mim.”, conta.

Salman Rushdie acredita que a literatura é um importante caminho na construção da identidade. “Hoje há inúmeras formas de adquirir informação. A literatura apresenta ao leitor acesso a mundos e experiências distintas, outras culturas. Antes de conhecer pessoalmente à América Latina eu achava que sabia algo sobre a região. Percebi o quanto este mundo é mesmo louco, assim como os livros”.



Durante sua participação no evento, Rushdie defendeu que um autor deve privilegiar a contextualização na produção das obras. "A história é uma das melhores formas de compreendemos o mundo. Para entender o presente é importante compreender o passado. Como autor é indispensável a dimensão histórica para entender o presente".

O escritor ainda falou sobre a Índia, sua terra Natal, afirmando que o país está muito diferente de 30 anos atrás, quando escreveu “Os filhos da meia-noite”. “Continuo sendo considerado um autor indiano, mesmo escrevendo em inglês”, afirmou. Antes de concluir, Salman Rushdie declarou que sua obra foi influenciada pelo escritor brasileiro Machado de Assis.


Por Mário Barroso
MAC/BRASIL

Azar Nafisi bombardeia os aiatolás na Flip


Um dos principais destaques da programação da oitava edição da Flip foi a participação da autora Azar Nafisi. A iraniana participou da mesa “Promessas de um velho mundo”, ao lado do escritor israelense A. B. Yehoshua e do mediador Moacyr Scliar.

Quando questionada pelo mediador se sua literatura era política, Azar disparou. “É uma literatura existencial. Nos Estados Unidos, principalmente, há uma doença, tudo é trazido para o ambiente político. Eu defendo que a idéia floresce independente da política. A principal função da literatura é transmitir a verdade, de modo a olhar mais criticamente para o mundo. Acho que a literatura sempre esteve para subverter a política, então, acredito que minha literatura seja subversiva”.

Azar Nafisi, autora de Lendo Lolita em Teerã (livro traduzido para 32 idiomas que ficou por 117 semanas na lista de best-sellers do The New York Times e rendeu a autora os prêmios de Livro do Ano de Não Ficção do Booksense, em 2004, e o Frederic W. Ness), não economizou nas críticas sobre a visão do mundo em relação ao seu país e criticou a postura do presidente Lula em alguns pontos.

“O presidente Lula disse há algum tempo que é amigo de Ahmadinejad. Como você pode ser amigo de uma pessoa que condena mulheres a morte por apedrejamento? O Brasil sequer tem pena de morte. Seria como se ele fosse contra ao que tem de melhor por aqui”, indagou a escritora sendo aplaudida calorosamente pela platéia.

Para a escritora best-seller, que foi exilada do Irã em 1981 sendo expulsa do país por se recusar a usar véu na Universidade de Teerã (onde lecionava literatura), o presidente do Brasil está equivocado em pensar que pode ajudar o povo iraniano. "Eu queria dizer que o presidente Lula disse em um primeiro momento que ele não queria intervir nesse assunto. Mas gostaria de dizer que ao não intervir, ele já está interferindo”, afirmou.

Quando questionada sobre o caso da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, recentemente condenada à morte por apedrejamento sob a acusação de adultério, Azar Nafisi criticou o presidente do Brasil por sugerir asilo humanitário. “Oitenta por cento do povo iraniano está incomodado com o presidente Mahmoud Ahmadinejad. Então, todos os iranianos perseguidos deveriam vir para o Brasil, os jornalistas presos, as mulheres que se recusam a usar véu, não apenas essa mulher. Mas ele (Lula) não precisa trazer todos, é só trazer o Ahmadinejad e tudo se resolve”, ironizou, arrancando mais aplausos da platéia.

O escritor Abraham Yehoshua, concordou com as colocações e postulou que o Ocidente tem uma visão distorcida dos países do Oriente Médio. "Deveriam trazer o presidente do Irã para o Brasil e deixá-lo na Amazônia", brincou com a platéia. "Quando se fala em Irã, as pessoas imaginam o terrorismo e um presidente autoritário, o que é uma visão de mundo reduzida. O Irã é um país com mais de três mil anos de existência, que fez uma revolução importante e foi a primeira nação do continente a ter uma Constituição. Um país onde as mulheres já governaram ministérios", enfatizou.

Abraham Yehoshua também expôs a sua visão sobre a tensão entre o seu país (Israel) e o mundo islâmico. "Não dá pra comparar o meu caso com o dela (Azar). Vivemos em Israel, num estado livre. Há meios de comunicação para você expor sua opinião. Ter um vizinho (Irã) te vigiando é perturbador. Não sei o que o Irã quer com Israel. Não temos fronteira em comum. O Irã fantasia sobre nós e nega o holocausto, isso é um absurdo. É um país com o qual já tivemos relação diplomática por quase trinta anos. Espero que essa tensão se resolva sem guerra. Gostaríamos que os Estados Unidos, a Europa e o Brasil nos ajudassem a chegar a uma solução lógica", apelou.



No final, o mediador Moacyr Scliar pediu que a escritora iraniana projetasse o futuro de sua nação. “Detesto fazer profecias. Não sou otimista, sou esperançosa. Devido a história iraniana e a nossa luta de mais de cento e cinquenta anos por democracia. Apenas posso dizer que o Irã de hoje é o Leste Europeu de ontem", completou.

Hoje, Azar Nafisi é professora visitante de estética, cultura e literatura do Foreign Policy Institute, da Universidade norte-americana de Johns Hopkins. Em seu livro mais recente, O que eu não contei, lançado este ano no Brasil, a autora investiga as ligações entre o passado de sua família e a conturbada história do Irã.


Por Mário Barroso
MAC/BRASIL




sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Saiba mais sobre a Flip

A primeira Festa Internacional Literária de Paraty (Flip) foi realizada em 2003 e inseriu o Brasil no circuito dos festivais internacionais de literatura. Na primeira edição, nomes como Eric Hobsbawn e Julian Barnes participaram do evento.

Hoje a Flip é um dos principais festivais literários do mundo, privilegiando autores de best-sellers, sendo reconhecida também pela qualidade na organização e hospitalidade dos moradores da cidade. Durante sua realização, ocorrem cerca de 200 eventos: debates, shows musicais, exposições, exibições de filmes e documentários, entre outras atividades.

Espaços

Flip - Programação Principal

Composta de uma conferência de abertura e 20 mesas que reúnem para uma conversa informal convidados dos mais variados horizontes (escritores, cineastas, quadrinistas, historiadores, jornalistas e artistas plásticos, entre outros), a programação principal da Flip é realizada na Tenda dos Autores, que possui um auditório com 850 lugares. Todos os eventos contam com tradução simultânea e são transmitidos na Tenda do Telão (externa), com capacidade para 1.400 pessoas, além da transmissão ao vivo pela internet.

Flip - Casa da Cultura

Programação paralela e complementar à principal, a Flip - Casa da Cultura ocorre na Casa da Cultura de Paraty e em outros locais da cidade. Definida pela curadoria da Flip, a programação promove pré-estreias e exibições de filmes, leituras de peças teatrais, exposições e debates.

Flip Zona

Na Flip Zona a programação é voltada ao público jovem. Um casarão antigo abriga uma sala utilizada para a exibição de filmes, apresentações musicais, recitações de poesias, entre outras atividades.

Flipinha
As crianças também são lembradas na programação. A Flipinha é realizada em todo o espaço externo da festa, em tendas e mesas distribuídas pela praça central da cidade. São realizadas oficinas artesanais, peças de teatro, shows musicais, bate-papo com escritores, exposições de bonecos e uma infinidade de outras atrações.

Realização

A Flip é realizada pela Associação Casa Azul, uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) criada com o objetivo de contribuir para a resolução dos problemas de infraestrutura urbana de Paraty. Além de promover a literatura, potencializa transformações na cidade nas áreas de preservação do patrimônio, educação e infraestrutura urbana e constitui um veículo poderoso de mudanças profundas no modo pelo qual a população faz uso dos espaços públicos.

Escritores homenagens no anos anteriores

Os escritores homenageados nas edições anteriores da Flip foram Vinicius de Moraes, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Jorge Amado, Nelson Rodrigues, Machado de Assis e Manuel Bandeira.




Por Mário Barroso
MAC/BRASIL


Fonte: institucional

FLIP – uma grande festa!

Em sua oitava edição a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) foi muito criticada, do início ao fim. Muitos acharam que este ano o evento teve um cunho político, outros que o autor homenageado não tinha muito a ver com literatura, entre outros questionamentos.


No entanto, é inegável reconhecer o respeito da organização com relação ao público, aos autores convidados, a programação e os horários. Não há como negar a beleza de Paraty e a hospitalidade de seu povo.

Mas o que marcou a Flip foi outra história...

Andar nas ruas de Paraty nos dias da festa é cativante. Cada esquina brota inúmeros artistas de rua, livros caindo dos galhos das árvores, músicos tocando ao ar livre, uma miscelânea de cores, sons e vivências que compõem a maior riqueza do evento.

A rua vira picadeiro, o cordeirista vira celebridade. A programação da calçada é tão cativante quanto a presença dos autores de best-sellers, artistas e celebridades. A literatura do poeta que pede para o leitor oferecer o preço da obra, ao lado de um realejo de fantoche. O quadro exposto no meio-fio sob a luz do Sol, incomparável com a iluminação computadorizada de qualquer Louvre.


Mas a programação oficial também teve seu brilho. Autores que fazem parte da colcha de retalhos do pensamento contemporâneo expuseram suas idéias, questionamentos, visões de mundo. O homenageado Gullar presente, os ícones da contracultura, Shelton e Crumb, também. A rebelde Allende. Os bombardeios de Azar Nafisi e Salman Rushdie contra os aiatolás. Drummond e Gilberto Freyre em memória.

A Flip ainda encantou pelo trato com as crianças, oferecendo uma programação extermamente lúdica e interessante. Shows musicais, peças de teatro, contação de histórias, oficinas artesenanais, entre outras inúmeras atividades propostas.

A oitava edição da Festa Literária Internacional de Paraty acabou. A luz apagou, a noite esfriou. Agora, os Josés e Marias voltam para casa, esperando uma nova oportunidade de contrapor a realidade.


por Mário Barroso
MAC/BRASIL