quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Cadê vocês?


Meus versos não me procuram mais,
Parece que nunca compus nada.

O trabalho burocrático enjaulou a poesia,
Como um marido machão que não permite
Sua esposa, sequer, querer dançar.

Assim minha mente, mente.
Já não sei se é por falta de tempo
Ou de convicções.

Hoje sou resultado de um processo
Que me leva ao progresso material
E ao retrocesso.

A cada três versos, empaco
A cada três passos, tropeço.

Pulando de galho em galho
Busco alimentos na árvore da vida
E como predador do sistema, me tornei presa fácil.

Mas é assim, só não poderia.
Meu violão novo brilha na estante
Só, não tenho tempo de tocá-lo um instante.

Chego a ter ódio da rima fácil e barata,
No entanto só ela me resta
Diante de todo o resto.

Não me dou por vencido,
Apenas desabafo esse sufoco, impreciso,
Pois preciso voltar a criar.

Agora entendo a angústia de Deus,
Que não pára de brincar com o Universo
Com medo de parar de viver, renegando a labuta.

Agora compreendo a angústia
De me tornar mais um músico de quermesse
Que só toca o que toca.

A repartição me espedaça
E o que sobra não enaltece.

Por ser tão vil como me sinto,
Primo pobre da sabedoria,
Não há um acorde menor que me expresse.