quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

TRAMA CULTURAL - primeira edição


No último domingo (23/01) foi realizada a primeira edição do TRAMA CULTURAL, nas dependências do CEC Brasital, em São Roque/SP. Inúmeros artistas de diferentes áreas compareceram e apresentaram suas obras. Músicos, dançarinos, atores, poetas, dividiram espaço com o bom público que prestigiou o evento.


“Brotaram artistas de todos os cantos da cidade, inclusive de municípios vizinhos. O público presente pode prestigiar poesias, músicas, performances e intervenções diferenciadas dos participantes. Na primeira edição atingimos o nosso objetivo, que consiste em reunir os mais variados segmentos artísticos e mostrar que a cidade possui inúmeros atores, poetas, dançarinos, músicos, entre outros profissionais da cultura que produzem regularmente”, afirma Mário Barroso, idealizador do evento ao lado do músico Edson D’aísa.

A próxima edição do TRAMA CULTURAL será realizada dia 27 de Fevereiro na Praça da República, a partir das 14hs. “Nossa proposta é realizar o evento de forma itinerante pelos bairros da cidade. Desta forma, o número de artistas participantes irá aumentar e o público de todos os cantos do vale poderá curtir o evento”, afirma Edson Daísa.

Para ver fotos, vídeos e obter informações sobre o evento acesse: http://tramaculturalsr.blogspot.com

Contato: tramacultural@hotmail.com

Fotos: Karen Vieira Barroso

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

11/01/2011


Não há como encontrar explicação

Quanto se perde um ente querido,

Um pai, um irmão, um amigo,

Um caso novo, um amor antigo,

Um animal de estimação.



A morte não se explica,

Não se justifica.

Não adianta gritar com Deus,

Insultar e dar as costas para o mundo.

Há de se lembrar,

O Universo é regido pelo acaso,

Não pelo descaso.



Qualquer crença ou filosofia não é suficiente.

Isso é fato.

Quando a saudade se instala no coração,

Na hora em que o trem leva

Quem tanto amamos na vida

Para a próxima e longínqua estação,

Tudo perde o sentido.

O tempo pára,

O sol já não esquenta,

A chuva não refresca,

A comida fica entalada na garganta,

A água parece um plasma insosso.

A rima perde a graça,

O sentido e o verso.

Mas a gente insiste em encontrar conforto,

Seja na desculpa, no argumento,

No laudo médico do plantonista.

No entanto, quando o pneu desgasta e a curva fecha,

Não há como se segurar na pista.



É estranha essa dádiva

Como é estranha essa experiência.

A corrida do corpo em busca do altar

Oferecendo a alma como o preço do jogo da vida,

Uma passagem sem volta que não queremos comprar.

Muitos por não saber o destino, outros, se poderão retornar.


Rezamos por hora, às vezes, sem acreditar

Por mais forte ou ríspido seja o ser,

O nocaute é certeiro.

O esqueleto desmonta na cama,

Alguns tentam manter a pose mas,

Lenços e lençóis são inundados

Pela dor de amar e não poder partilhar.



Inevitável como deve ser

Ela busca e leva para algum lugar

Aqueles que um dia viajaram com a gente,

Falando, brigando ou apenas vivendo.

Compartilhando o sorriso triste,

O choro contente.

O almoço de domingo e a pipoca no sofá.



Já no momento seguinte vem a necessidade

De continuar fazendo o dia-a-dia,

Reproduzindo as rotinas,

Tirando o pó das cortinas,

Para ver brilhar a realidade.


Depois o que fica é a certeza

De que tudo está fora do nosso controle

E não sabemos o que virá pela frente.

No mais, não há oração, pensamento ou conselho,

Não há abraço que acolha o suficiente.

Não há poesia ou texto que estanque,

Que tire dos ombros o fardo da dor,

De, agora, ter as lembranças no coração

E apenas a foto na estante.


por Mário Barroso

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

TRAMA CULTURAL



Esta semana a Divisão de Cultura de São Roque/SP divulgou a programação do mês de janeiro de 2011. Todos os eventos terão entrada gratuita.

Entre os eventos da programação, destaque para a iniciativa intitulada "Trama Cultural". A idéia surgiu dentro do Fórum Permanente de Cultura de São Roque, onde músicos e produtores colocaram que a cidade não possuía nenhum palco aberto para apresentações artísticas, troca de experiências e interações estéticas entre diferentes áreas.

"A participação do público será de muita importância, no entanto gostaríamos de frisar que é de extrema importância a participação de artistas de diferentes segmentos mostrando sua produção", afirma Edson D'aísa, um dos idealizadores do projeto criado em parceria com o músico Mário Barroso.

Segundo os organizadores do evento, a expectativa é que o "Trama Cultural" também contribua com a mobilização e articulação dos artistas locais, para estabelecer uma rede de contatos, troca de experiências, um movimento para dar continuidade ao processo de criação da Política Pública de Cultura da cidade.

"Não é pra ser um dia de 'Raul Gil', para descobrir novos talentos, mas sim um dia de festa, onde todos partilham sua produção autoral e dialogam em busca de novas possibilidades, ainda não imaginadas pelos artistas e produtores locais. Os primeiros eventos serão realizados na Brasital, no entanto, vamos levar o evento para outros bairros do município de forma itinerante, para atuar junto aos artistas de toda a comunidade", declara Mário Barroso.

É importante frisar que o "Trama Cultural" é voltado apenas para a produção autoral, ou seja, apenas poderão se apresentar artistas que estejam produzindo obras originais, não é permitida a execução de covers ou interpretações.

O evento será realizado um vez por mês, sempre aos domingos. A primeira edição será neste domingo, dia 23 de janeiro de 2011, a partir das 14hs., no CEC Brasital. Compareça! Prestigie a produção cultural local!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Queimem os versos!



A poesia me consome novamente,
As letras borbulham no caldeirão do meu cérebro bruxo,
O líquido que cozinha não cabe mais nesse recipiente.
A inquietação toma conta do pensamento
E o que parecia adormecido volta a incendiar por dentro.

Eu caminho por todos os cantos desse novo cenário,
Tateando as idéias e contornando o entusiasmo,
Cada palavra escrita só sai se for bem dita antes
No interior, no imaginário.

Jogar palavras ao vento já não serve,
Escrever por dizer já não basta.
Se for pra escrever que eu sofra a dor do parto
De toda pequena parte da obra em concepção.
O gozo não é suficiente,
Não posso maltratar o grande ofício dos poetas,
As grandes idéias dos profetas,
Só pelo prazer de masturbar a literatura, sem o coração.

Eu canto as frases antes de serem escritas,
Eu beijo as letras antes de serem ditas.
Eu maltrato as idéias sublimes
E acaricio as idéias malditas.

De acordo com o meu desequilíbrio
Não pretendo ser mais um Pessoa.
Pois não tenho a magistral escrita
Tão menos uma idéia boa.
Apenas escrevo diante daquilo que condeno ou amo,
Antes de reclamar eu clamo. Antes de me ausentar eu chego.

Acabei de apagar diversas frases,
Acabei de revisar o texto acima.
Daqui a pouco deleto tudo e escrevo de novo.
Não há nada tão perfeito que não deva ser queimado,
Ou que mereça ser premiado, divulgado ou aclamado.

Cada verso é apenas um recurso da nossa alma
Para tentar dizer algo que não precisa,
Para tentar elucidar sentimentos intangíveis.

Não deveria estar escrevendo
Pois me enjoam leitores soberbos
Balbuciando a inteligência de seu autor predileto,
Conquistando amores e declamando idéias que não viveu,
Não pensou, não sentiu, não dançou.
E também odeio poetas medíocres como eu.

O pseudo leitor não merece a poesia,
Nem a amada amante, nem o poeta de frases por frases.
Essa tarefa inútil de escrever algo me move,
No entanto sou contra.
Mas sou contra muitas coisas que faço, penso e digo,
Então escrevo e continuo sendo contra.
Se fosse um ser alienígena dotado de outro dom,
Senão o da escrita,
Executaria minha obra.
Pois não merecer é apenas o preço
De quem volta a escrever como um recomeço.

Parar para pensar é estranho.
Escrever o que se pensa, ainda mais.
Mas o mais intrigante é esse desejo
De querer expressar quando já não basta
A dor, o amor, a beleza ou a paz.

Queimem os versos!



por Mário Barroso

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

ARMANDO EUZÉBIO - saudades!

"Armando Euzébio nasceu em 03 de março de 1921 no distrito de Pirambóia, Botucatu. Filho de João Euzébio e Elvira Euzébio, aos 12 anos mudou-se para São Roque, graças à transferência do Pai, um mestre de linha da Sorocabana, para a nossa cidade.

Garoto cheio de vida, Armando Euzébio dividia o seu tempo entre o ensino fundamental, o futebol com os amigos e os mergulhos nos rios da região, tão comuns quanto agradáveis nos dias de verão.

Seguindo os passos do Pai, Armando Euzébio empregou-se na Sorocabana, onde fez carreira até o posto de Chefe de Escritório, cargo que exerceu com responsabilidade e eficiência por quase 30 anos. Em 1945 casou-se com a Sra. Angelina Luíza Euzébio. Desta união nasceram cinco filhos e um relacionamento de amor e confiança que perdurou por mais de 50 anos.

O trabalho, embora meticuloso, não apagou a paixão que o Sr. Armando nutria pelo futebol. Envolveu-se diretamente com o incentivo dos esportes em nossa região, tornando-se, na década de 60, Presidente do Atlético Paulistano e do América Futebol Clube.

Sob convite do Prefeito Quintino de Lima, o Sr. Armando ingressou relutantemente na vida política de nosso município, onde colheu grande sucesso. Em 1973, ingressou na política, participando ativamente nas sessões como 1º Secretário da Mesa Diretora. Em 1975, já em sua segunda legislatura, assumiu a cadeira de Presidente da Câmara Municipal, cargo no qual permaneceu até 1976".

Texto de Mauro Antonio de Góes

Quando Mauro de Góes escreveu este texto, ainda como vereador, terminou dizendo "Hoje o Senhor Armando aproveita o tempo com seus filhos e netos em uma paz de espírito que a todos nos toca pela alegria e serenidade de ver a brincadeira de uma pequena criança no colo de seu bisavô".

Infelizmente para nós, seus netos e filhos, não é mais assim. A vida concluiu seu ciclo e o grande Tico Euzébio continuou sua caminhada pelo cosmos. Agora estamos afastados por um pequeno instante até a próxima parada.

No mais, gostaria apenas de acrescentar que este ilustre cidadão também era admirador de uma cerveja estupidamente gelada, de preferência Antártica, e são-paulino dos bons! Antes de partir fez o que sonhou grande parte da vida: comemorou o tri-campeonato Brasileiro do São Paulo Futebol Clube ao lado dos seus netos em uma carreata inesquecível e quando chegou em casa após a festa disse para Nena:

"Minhas pernas estão doendo, dancei muito com os meninos..."

Saudades!