Eu nasci na época em que
quando brincávamos de polícia e ladrão quem era escolhido para ser ladrão
fugia da polícia. Imagino como deve ser essa brincadeira de criança hoje:
“corre, vai, pega a polícia!”. Na verdade, não há segurança pública que permita
pais responsáveis deixarem os filhos brincando nas ruas, como há pouco tempo.
O toque de recolher do PCC
em São Roque, há cerca de uma semana, é um exemplo de como somos um mau exemplo
de sociedade, onde todos não se suportam, além de se odiarem cada vez mais. E,
afinal, por que os bandidos não deram um toque de recolher numa segunda-feira
de manhã, para ninguém poder ir trabalhar? Por que tirar ainda um dos poucos
momentos de curtição e paz que temos aos finais de semana? Nem a PM explica!
Aliás, também é inexplicável como todos os policiais da cidade sumiram, São
Roque poderia ter sido saqueada, pois aqueles que pagamos para nos proteger
ganharam apenas para se defender em suas bases e nós, indefesos, em nossas
casas.
É Boris, seu bordão invade o
hino nacional como refrão e na sociedade hospício poucos duvidam que isso é
loucura ou vergonha. Verdade mesmo é que a campanha do desarmamento foi mais um
golpe na classe média, que hoje sequer pode portar armas para se defender. Na
verdade, devemos ser contra as armas e ao militarismo de qualquer espécie, pois
quanto mais há a necessidade de colocar policiais fortemente armados nas ruas
ou armas e grades em nossas casas, evidencia o quanto desigual é nossa rua, bairro,
cidade, estado ou nação. No entanto, a campanha do desarmamento foi mais um
golpe militar que o Brasil sofreu em sua história, isso é fato, apesar de agora
o fato ser outro!
A questão não é ser “o
garoto enxaqueca”, “o playboy revoltado” ou “o sectário político de plantão”.
Nem o ponto de vista, nem a mera opinião se sobrepõe a verdade, pois a verdade
não é o que os jornais mostram ou o que o povo fala na rua. A verdade é o que
os jornais escondem e o que o povo faz e sofre na rua. Esta nos preços abusivos
dos produtos, seja nos supermercados, nas feiras livres, nas agências de
viagens, veículos, no comércio de modo geral, nos serviços públicos que são um desserviço!
A verdade é que somos
vítimas de um sistema político podre, que nos condena a uma realidade que
compreendemos parcialmente. Aliás, historicamente,
não existe no Brasil nenhum segmento que se preocupe ou se dedique a Classe
Média, nem ela mesma. Nós, cidadãos comuns, desempregados temporariamente por
toda a vida, somos maltratados pelos partidos políticos, ridicularizados pela
imprensa, saqueados pela burguesia que detém os meios de produção e desunidos
por princípio. Até aí nenhuma novidade, certo? Errado!
Poderíamos viver em um país
dez mil vezes melhor. Temos mais cabeças de gado do que gente, mais áreas
agrícolas produtivas do que qualquer nação, mais recursos naturais do que
alguns continentes inteiros, tanta inteligência e capacidade quanto qualquer
superpotência. Então, por que vemos a situação retroceder a cada dia? Por que
vemos nossos direitos serem amordaçados? Por que vemos a criminalidade dominar
as relações sociais e econômicas?
Como diria um professor muito
conhecido da minha geração: “porque sim não é resposta!”. Isso tudo ocorre porque
temos a pior classe política de todo o mundo! A classe política mais
despreparada e corrompida que já existiu na face da terra. Seja em qualquer
esfera, dominada por qualquer legenda, de qualquer período histórico. Pessoas
que abusam do discurso vazio, que produzem planos de governo como quem vomita e
defeca acometido por uma virose. Partidos que fazem alianças nos mesmos pilares
da máfia italiana ou japonesa. Líderes partidários que atuam como ventríloquos
do capital. Candidatos que dissimulam seu completo desinteresse com caras, bocas
e conversinhas. Sim, há exceções, mas é sempre bom lembrar que a corrupção e a
falta de qualidade de vida, em todo o país, é via de regra!
Esses são os culpados, os maiores
réus da desigualdade social. Eles criaram e fortaleceram o crime organizado, são os
grandes credores dos bandidos. Eles são o sujeito, a primeira pessoa do
singular da injustiça. Caso você seja assaltado, perca um parente ou
amigo esses dias, seja vítima da criminalidade, seja violentado em sua vida com alguém tirando
aquilo que você conquistou com muito suor, já sabe o que fazer.
Se alguém te convidar para brincar de polícia e ladrão hoje, mesmo
sem poder portar armas ou sair de casa com segurança, corra atrás dos políticos
e acabe com eles, nem que seja com um elastiquinho e um papel na mão!
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