quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Vamos brincar de Polícia e Ladrão?


Eu nasci na época em que quando brincávamos de polícia e ladrão quem era escolhido para ser ladrão fugia da polícia. Imagino como deve ser essa brincadeira de criança hoje: “corre, vai, pega a polícia!”. Na verdade, não há segurança pública que permita pais responsáveis deixarem os filhos brincando nas ruas, como há pouco tempo.
O toque de recolher do PCC em São Roque, há cerca de uma semana, é um exemplo de como somos um mau exemplo de sociedade, onde todos não se suportam, além de se odiarem cada vez mais. E, afinal, por que os bandidos não deram um toque de recolher numa segunda-feira de manhã, para ninguém poder ir trabalhar? Por que tirar ainda um dos poucos momentos de curtição e paz que temos aos finais de semana? Nem a PM explica! Aliás, também é inexplicável como todos os policiais da cidade sumiram, São Roque poderia ter sido saqueada, pois aqueles que pagamos para nos proteger ganharam apenas para se defender em suas bases e nós, indefesos, em nossas casas. 

É Boris, seu bordão invade o hino nacional como refrão e na sociedade hospício poucos duvidam que isso é loucura ou vergonha. Verdade mesmo é que a campanha do desarmamento foi mais um golpe na classe média, que hoje sequer pode portar armas para se defender. Na verdade, devemos ser contra as armas e ao militarismo de qualquer espécie, pois quanto mais há a necessidade de colocar policiais fortemente armados nas ruas ou armas e grades em nossas casas, evidencia o quanto desigual é nossa rua, bairro, cidade, estado ou nação. No entanto, a campanha do desarmamento foi mais um golpe militar que o Brasil sofreu em sua história, isso é fato, apesar de agora o fato ser outro!

A questão não é ser “o garoto enxaqueca”, “o playboy revoltado” ou “o sectário político de plantão”. Nem o ponto de vista, nem a mera opinião se sobrepõe a verdade, pois a verdade não é o que os jornais mostram ou o que o povo fala na rua. A verdade é o que os jornais escondem e o que o povo faz e sofre na rua. Esta nos preços abusivos dos produtos, seja nos supermercados, nas feiras livres, nas agências de viagens, veículos, no comércio de modo geral, nos serviços públicos que são um desserviço!

A verdade é que somos vítimas de um sistema político podre, que nos condena a uma realidade que compreendemos parcialmente.  Aliás, historicamente, não existe no Brasil nenhum segmento que se preocupe ou se dedique a Classe Média, nem ela mesma. Nós, cidadãos comuns, desempregados temporariamente por toda a vida, somos maltratados pelos partidos políticos, ridicularizados pela imprensa, saqueados pela burguesia que detém os meios de produção e desunidos por princípio. Até aí nenhuma novidade, certo? Errado!

Poderíamos viver em um país dez mil vezes melhor. Temos mais cabeças de gado do que gente, mais áreas agrícolas produtivas do que qualquer nação, mais recursos naturais do que alguns continentes inteiros, tanta inteligência e capacidade quanto qualquer superpotência. Então, por que vemos a situação retroceder a cada dia? Por que vemos nossos direitos serem amordaçados? Por que vemos a criminalidade dominar as relações sociais e econômicas?

Como diria um professor muito conhecido da minha geração: “porque sim não é resposta!”. Isso tudo ocorre porque temos a pior classe política de todo o mundo! A classe política mais despreparada e corrompida que já existiu na face da terra. Seja em qualquer esfera, dominada por qualquer legenda, de qualquer período histórico. Pessoas que abusam do discurso vazio, que produzem planos de governo como quem vomita e defeca acometido por uma virose. Partidos que fazem alianças nos mesmos pilares da máfia italiana ou japonesa. Líderes partidários que atuam como ventríloquos do capital. Candidatos que dissimulam seu completo desinteresse com caras, bocas e conversinhas. Sim, há exceções, mas é sempre bom lembrar que a corrupção e a falta de qualidade de vida, em todo o país, é via de regra!

Esses são os culpados, os maiores réus da desigualdade social. Eles criaram e fortaleceram o crime organizado, são os grandes credores dos bandidos. Eles são o sujeito, a primeira pessoa do singular da injustiça. Caso você seja assaltado, perca um parente ou amigo esses dias, seja vítima da criminalidade, seja violentado em sua vida com alguém tirando aquilo que você conquistou com muito suor, já sabe o que fazer. Se alguém te convidar para brincar de polícia e ladrão hoje, mesmo sem poder portar armas ou sair de casa com segurança, corra atrás dos políticos e acabe com eles, nem que seja com um elastiquinho e um papel na mão!

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