terça-feira, 17 de maio de 2011

A Tragédia Grega e Européia

Não somos tão diferentes assim da Europa de 1º Mundo, como sempre foi pregado pela nossa pseudo-elite que passa as férias no velho continente e passa a vida pagando as prestações das viagens, muitas vezes até com dinheiro público.

Nós, que somos tão críticos, vivemos comparando o cidadão europeu ou americano ao cidadão brasileiro, assim como as leis, os governos, o regime social, enfim. E não vemos o que realmente ocorre por lá.

Vamos colocar os óculos

Gostaria de convidar os que são admiradores do modelo de vida e de conduta europeu e americano do norte para colocar óculos, com o intuito de enxergar ao invés de apenas ver, como de costume na televisão, tudo o que está acontecendo.

Hoje, a Europa vive a maior crise das últimas décadas. O Euro, moeda que ameaçava o império americano há alguns anos, curvou-se ao FMI novamente mostrando sua fragilidade perante o domínio do Dólar no mercado. Parte disso, devido às práticas de governos que se tornam cada dia mais corruptos e ceifam os direitos trabalhistas e sociais do povo europeu, assim como projetos mirabolantes de Olimpíadas e de austeridade, como os que estão sendo realizados no Brasil.

Os especuladores de lá fazem como os daqui, usam os bancos para agravar ainda mais a crise com o capital especulativo, depois salvam os bancos e grandes instituições com dinheiro público e apenas a população fica com o ônus da história.

Os empresários do velho continente também tomam atitudes como os daqui, pasmem brasileiros! Na Europa de hoje muito se reivindica que haja a proibição de transações com paraísos fiscais e luta contra a fraude fiscal em massa das grandes empresas e dos mais ricos. Vemos coisa parecida no Brasil, certo?

Outro ponto muito debatido pela sociedade européia, por exemplo, é começar a socializar as numerosas empresas e serviços privatizados desde a década de 80. Os governos dos países europeus também venderam o país na surdina, assim como os “neo-liberais” tucanos!

Os trabalhadores da Europa sofrem com os mesmos problemas da América Índia, do Brasil, por exemplo. Lutam pelo aumento de salários, pela diminuição na jornada de trabalho, buscando a proteção social e o regime de pensões. Por aqui diriam que os mesmos estão sendo “paternalistas”.

Os jovens europeus enfrentam uma taxa de desemprego que beira os 50% e não têm oportunidade de trabalho e renda na sociedade assim como os jovens brasileiros.

E os governos? Como são parecidos! E os eleitores? Também!



Qual é a diferença do eleitor brasileiro e do eleitor europeu? Nenhuma! Aqui milhões ajudam a eleger políticos corruptos e sem caráter, como milhões de europeus ajudam a eleger políticos como Sílvio Berlusconi, Nicolas Sarkozy, Tony Blair, entre todos os outros.

Aí eu te pergunto: o povo europeu é mais consciente que o brasileiro? O povo europeu, assim como o brasileiro e os demais, é enganado por esse tipo de político, que faz campanhas tão nefastas quanto as que se fazem por aqui. Que vende o país para especuladores como fazem os governantes do Brasil. Que ceifa direitos trabalhistas e aumenta salários de parlamentares, anualmente, como fazem os deputados e senadores do Brasil. Políticos que desfilam sua arrogância e viajam pelo mundo com dinheiro público, assim como os presidentes daqui. Que mentem para a população e manipulam a opinião pública como fazem os políticos do Brasil, da Argentina, do Chile, do Equador, Bolívia, Panamá, México, Uruguai, Paraguai e por aí vai!

Está mais do que na hora do brasileiro acordar para ver que o mundo é tão corrupto e injusto quanto o seu país. Sempre nos subestimamos, colocamos nosso povo como ignorante, analfabeto funcional e o que vemos na Europa romântica não é diferente, assim como o que vemos nos Estados Unidos.

O Tio Sam teve que colocar um negro na presidência para melhorar a sua imagem no mundo. Martin Luther King deve estar se revirando no caixão, vendo que um negro foi eleito não para mudar o país, mas para mudar a imagem do país.


Entre tantas semelhanças, uma diferença


A manipulação, a corrupção, a especulação financeira dói aqui como na Europa, mata e condena ao subemprego milhões de pessoas em ambos os continentes. Mas há uma diferença que não é amplificada pelos jornais. Apesar de sermos colonizados e criados para sermos a semelhança deles, no comportamento, na organização social, temos uma diferença gritante: para cada corte no salário dos trabalhadores europeus, para cada atitude do governo que prejudica um grupo ou segmento, há manifestações, passeatas, enfrentamento com a polícia, com a imprensa e, se necessário, até com os demais países da chamada “União Européia”.

Lá a educação refinada e o salto alto são deixados de lado e a rebeldia toma conta da sociedade quando ela sente-se prejudicada. Aqui o pacifismo se converte em apatia.

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