Foi sempre assim não é mesmo? Desde que a propaganda eleitoral apareceu na televisão: “interrompemos nossa programação para a exibição do horário eleitoral gratuito”.
Mais uma mentira entre tantas outras da nossa recente democracia. Assim como o dono do posto de gasolina utiliza o terceiro digito (Gas - R$3,499), as grande redes de mercado determinam os valores dos produtos (Camiseta - R$29,99) e até mesmo o pequeno empreendedor (Tudo por R$1,99), o Estado brasileiro maqueia o verdadeiro custo do processo eleitoral, sutilmente.
Primeiro, vejamos a definição de “gratuito”, no Dicionário Aurélio:
“Aquilo que é feito ou concedido de graça ou espontaneamente; Desinteressado; Ato gratuito, aquele que, segundo alguns filósofos, se pratica com total liberdade, sem finalidade específica, sem causa aparente”.
Se não bastasse, o horário utilizado pelos partidos na televisão, por exemplo, é custeado por uma “compensação fiscal” garantida pelo poder público para todas as emissoras que transmitem o horário eleitoral (Lei 9.504/97, art. 99).
Ou seja, quem paga o pato? Quem paga para ver o tucano que não sabe sorrir, a mulher pêra que não sabe o que quer, o Tiririca que sabe bem o que faz, a Dilma Inácio Lula da Silva..., sou eu, você e todo cidadão que carrega um CPF no bolso.
As emissoras de televisão são recompensadas. Os partidos não gastam um centavo do próprio bolso e financiam suas campanhas com recursos públicos e doações de empresas, grandes corporações desinteressadas, que apenas gostam de contribuir com a democracia.
Mas e os contribuintes, consumidores, os brasileiros em geral, como são recompensados? Melhor censurar...
Como era pra ser
O primeiro projeto de lei sobre a propaganda eleitoral gratuita foi do deputado carioca Adauto Lúcio Cardoso (da antiga UDN). O projeto, aprovado e transformado em lei, permitiu de 1962 a 1974, que a propaganda eleitoral gratuita se caracterizasse como exercício de debate democrático, privilegiando o debate regional. A propaganda unificada, num só horário, com a entrada dos grandes marqueteiros, foi conseqüência dos limites impostos pela ditadura militar, com a derrota eleitoral em 1974.
O projeto de Adauto era simples. Os partidos dispunham de tempo nas emissoras de rádio e televisão, o espaço era distribuído pelos diretórios municipais, em horários diferentes e o uso era ao vivo. O candidato era credenciado, obedecendo o critério de direitos iguais. Candidatos a deputado, a vereador, a prefeito, a governador, enfim, todos tinham o mesmo peso.
Como ficou
Mas como o general Geisel não era inocente, ao perceber que a ARENA perderia a maioria no Congresso nas eleições de 1978 criou uma série de restrições, alterando o formato da propaganda eleitoral gratuita.
Mesmo o projeto inicial estar longe da perfeição, após as mudanças, houve um deterioramento moral e ético ainda maior no processo eleitoral. Hoje estamos condenados a ver os candidatos como produtos na vitrine, como ofertas imperdíveis de um mercado sedento: a Democracia. O que era para ser conceito virou produto. Pagamos para ajudar a fabricar os novos corruptos, desde a embalagem até o conteúdo duvidoso.
Pagamos para ter carros de som desrespeitando nossa liberdade, para ter as ruas sujas, infestadas de santinhos nada santos. Para ver e ouvir as mesmas mentiras de sempre: “saúde, educação, moradia, trabalho e renda”, os tabus das campanhas municipais, estaduais e federais. Continuamos pagando para sermos ludibriados por uma campanha eleitoral nefasta, cinematográfica, do mais baixo nível intelectual.
Nós continuamos financiando a classe mais beneficiada e protegida, depois dos militares e juízes: os políticos. Pagamos para ver os travestis da prostitueleição desfilando, maqueados, penteados, engomados, produzidos, fabricados pela indústria midiática cuidadosamente como bonecas barbie’s.
Enquanto isso, em volta das políticas de alianças, milhares de cadáveres de homens, mulheres e crianças ceifados pelo próprio Estado. O crime organizado sacrifica a qualidade de vida de toda a população. O cidadão privatizado segue a regra do jogo e ainda a defende, afinal, perto das ditaduras esse é o melhor modelo a que chegamos. Trabalhar para viver, ganhar para sobreviver, nadar e morrer na praia, com o bonezinho do candidato escolhido estampando: “Para ter um país mais justo, vote 171!”.
Mário Barroso – Músico / Jornalista
MTB: 47.431/SP
Um comentário:
MUSICA CENSURADA DE NELSINHO MORALLE EM 1.986 NO ENTÃO GOVERNO DE JOSÉ SARNEY ESSA FOI A ÚLTIMA MUSICA CENSURADA NO BRASIL
CHORINHO DA DEMOCRACIA
Antigamente eu vivia angustiado
O governo desgraçado reprimia pra valer
Não de podia se manifestar por nada
Que a policia com porradas nos botava pra correr
Foram vinte anos de completa ditadura
E pra acabar com esse sufoco nos deram uma abertura
E os generais que todos sabem são uns loucos
Foram indo pouco a pouco perdendo a posição
A nossa vida continuava no escuro
Sem esperanças pro futuro sem dinheiro pra viver
Lutamos muito pela posse das diretas
Mas não era a hora certa pra situação se convencer
Mas eis que surge um mineiro enlatado
Que indiretamente apoiado conseguiu se eleger
Pra governar tínhamos de novo outro civil
Que esperávamos que resolvesse os problemas do Brasil.
Mas o mineiro nem se quer pegou a faixa
Pois no dia da posse uma doença o despacha
O nosso povo ficou muito constrangido
Pois apesar da palhaçada isso não era merecido
Mas os mandantes não deram atenção aos fatos
Por que logo de manhã empossaram o vice no ato
Pra governar tínhamos outro civil
Que é mais uma das raposas políticas do Brasil.
Esse animal governa (governou) daquela maneira
Também muito arbitrário fazendo muita besteira
Um pouco antes do famoso carnaval
Ele aparece para o povo em cadeia nacional
Anunciando uma falsa economia (plano cruzado)
Que segundo ele dizia seria o fim da inflação
Mas a medida não era mesmo eficiente
Pois foi logo apodrecendo prejudicando muita gente
E o nosso povo que estava com euforia
Acabou decepcionado com essa grande porcaria
Mas mesmo assim o governante incompetente
Foi ditando seus decretos quase sempre formalmente
E a liberdade que todos estavam esperando
Foi fugindo aos nossos olhos e acabou nunca chegando
E quem pensou que tinha acabado a vida dura
Viu de novo renascer uma nova ditadura
Eu esperava que depois do acontecido
Ele tomasse consciência e ficasse comovido
Mas pra provar a sua grande tirania
Vai melhorar as suas terras construindo uma ferrovia (Norte e Sul)
E eu com o povo vou sorrindo feito hiena
Pois não vejo solução que resolva esse problema
Pois se eu continuar falando desse sujeito
Posso me candidatar e pode ser que eu seja eleito
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