Em
pleno século XXI, assistimos uma prática medieval na realização dos mais
diversos eventos. A Área Vip, em suas mais variadas formas, consiste em um
modelo brutal e preconceituoso de dividir o público. Quem tem mais grana ou
influência tem o direito de poder ser privilegiado em um evento privado ou
público-privado (como no caso de atividades realizadas com incentivos fiscais e
afins, inúmeros dos principais eventos, diga-se de passagem).
Essa
prática comum vem der berço, do berço da civilização ocidental. Desde que os
nobres, reis e fidalgos, os clérigos e militares, tinham sua área privilegiada
nas touradas, nos eventos cívicos, nos julgamentos e execuções em praças
públicas, entre outras manifestações.
Com
a instauração das “democraturas”, principalmente nos países da Europa e
América, houve uma pequena alteração na concepção dos eventos e de quem seriam os vips: “aqueles que podem pagar
mais!”, essa é a única distinção atual. Por conseqüência, essa prática
abominável se proliferou como uma epidemia que levou a morte da consciência dos
produtores, bem como, do público que compra esse tipo de entrada, corrompido pela
oportunidade que o poder aquisitivo proporciona. Em muitos casos ainda, os vips
são os únicos a terem acesso a compra de determinados setores ou entradas, ato que
seria extremamente inconstitucional se o capital estivesse submetido ao bem
estar social e à legislação vigente!
Assim,
os eventos tornam-se cada dia mais superfaturados, no entanto, a estrutura dos
mesmos decepciona. O público ainda é vítima de um descaso preliminar, desde o
formato da compra e venda de ingressos até a disposição de banheiros, dos
preços praticados nas praças de alimentação até os equipamentos de som e luz (não
compatíveis com os espaços). De modo geral, um sacrilégio com a produção
artística!
O
sectário mais crítico pode até afirmar: “Não tem dinheiro? Fica em casa!”. Mas
se avaliarmos a questão com um pouco de senso crítico, sem emoção ou bandeiras
políticas, o fato é que essa prática evidencia o modelo de sociedade em que
vivemos, onde o status é o valor de mercado da pessoa física. Fato que se
repete em outros tantos segmentos possíveis e
imagináveis.
Se
não bastasse denunciar a brutalidade das relações de poder, essa situação vai
contra as convenções, diretrizes, legislação, entre outras ferramentas que
dispõem sobre os Direitos Culturais. No entanto, esse modelo parece continuar em voga, sem qualquer manifestação organizada contrária. E quem continua pagando por isso?
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