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Como entrar nesse debate, de leve ou de sola? Apresentar as
versões ou defender de forma apaixonada uma causa? No caso da Entrada dos Carros
de Lenha e da presença dos carros de boi nas Festas de Agosto de São Roque,
prefiro apenas subir no muro com algumas questões, visto que há alguns dias
observo pela internet e ruas da cidade uma polarização do debate, entre os que são
a favor e os contrários a presença dos animais no desfile. Me incomoda, o silêncio.
Nas mídias antissociais meia dúzia de ativistas convocam protestos
pela saúde e integridade dos animais. Pessoas alheias comentam, curtem e compartilham. Do outro lado, no telefone sem fio, os boiadeiros
alegam que não teriam mesmo como vir e que os bois são tratados melhor que
muita gente. Os festeiros comentam sobre a burocracia na Prefeitura, custos, enfim, se
caminharmos por aí daremos sempre na boataria da mesma praça.
Ao abrir o foco, ampliar a visão de modo que a realidade
pareça uma paisagem, é possível exercitar com mais profundidade a reflexão
sobre o tema. De cara, é ponto facultativo afirmar que não haverá consenso. No
entanto, deve prevalecer como se trata a discussão e como se dão os argumentos
na mídia e na sociedade local.
Se pensarmos no conceito de patrimônio cultural, de códigos
comuns entre grupos e comunidades urbanas ou tradicionais, tudo ganha e perde
sentido. Afinal, quem deve ou pode afirmar quais tradições devem ser mantidas
ou descartadas? Devido sua crença, valor, ideal, uma tradição, ou parte dela, deve
ser eliminada por conter partes impróprias à sua cultura? Vale a pena lutar por uma tradição, seja ela qual for? Ou ainda, tantas
outras...
Caminhamos até aqui destruindo, alterando e construindo
tradições, sem o menor critério, apenas por fetiche e dominação. Esse simples
episódio, por exemplo, mostra o quão frágil são os elementos que compõem uma tradição e rasas as bases para sua quebra.
É arriscado sair afirmando serem raros os ativistas que se
apresentam coerentes, que outros tantos saem por aí vestidos apenas de meia
causa e que poucos sãos os que realmente se importam com a manutenção da tradição
na cidade. Também seria cruel dizer que todo o resto, como eu, utiliza a
questão apenas como tribuna, palco ou vitrine.
Portanto, me encantam muito mais as perguntas do que as
respostas!
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