A
questão da utilização das sacolas plásticas está sendo colocada pela grande
mídia, muitos legisladores, entre outros grupos, como o cerne da questão
ambiental do momento.
Estamos vivenciando mais um episódio da novela diária
dessa “Sociedade Hospício”, onde acontecem desvios das mais diversas formas na
compreensão e reflexão sobre os problemas do homem e do meio
social.
Vamos refletir um pouco
Assim como vemos os bancos e especuladores serem salvos
pelo Estado nos mais diversos países após avalanches econômicas causadas por
eles mesmos (no modelo catastrófico de gestão neoliberal), vemos a mira ser
apontada para a cabeça do cidadão quando a questão ambiental entra em
questão.
Somos bombardeados com críticas e sugestões na
televisão, nos jornais, para economizarmos energia, água potável, reciclar,
reduzir e reutilizar o lixo, pois a sociedade é apontada como a grande
responsável em amenizar os danos ao meio ambiente.
No entanto, basta poucos minutos de reflexão para
perceber que apenas os edifícios da Avenida Paulista aliados a meia dúzia de
shoppings nobres da capital de São Paulo, por exemplo, gastam milhões de litros
de água potável por mês e milhões de quilowatts por hora. Estabelecimentos que,
juntos, consomem mais água potável e energia elétrica por mês do que algumas
cidades inteiras do interior do país.
Um cidadão comum levaria mais de 50 anos para consumir
a energia elétrica desperdiçada por alguns desses estabelecimentos comerciais.
Imaginem então o desperdício das indústrias? Ah, mas as indústrias podem
produzir e comercializar produtos com plástico sem qualquer controle, afinal,
elas são as grandes responsáveis por fazer a economia girar,
certo?
Errado! As indústrias e empresas são as grandes
responsáveis em poluir desordenadamente o meio ambiente com resíduos tóxicos, em
esgotar os recursos naturais com sua produção desenfreada e a prejudicar a vida
na Terra com sua ótica predominantemente econômica, onde o que importa é o
lucro, acima de tudo e de todos.
Diariamente são exibidos comerciais na televisão para
conscientizar o cidadão, mas é raro ver um anúncio: “Atenção empresário! Não
jogue lixo tóxico nos rios da sua cidade! Atenção empresas! Não desperdicem
energia elétrica e, por favor, dêem um destino correto ao lixo
industrial!”.
Você pode questionar que estou defendendo o uso
desordenado dos recursos pelos cidadãos ou criticando o modelo de vida
sustentável pregado pelos ambientalistas, mas a questão é levar o foco para o
“x” da questão. É mostrar que o cidadão é vítima e não
protagonista.
O
bom senso é mais do que necessário nessa hora. Temos que ter consciência em
utilizar os recursos de forma correta, mas colocar o cidadão como o grande
responsável pela poluição ambiental é um crime contra a
consciência!
Afinal, enquanto eu economizo água no banho, a empresa
responsável pelo saneamento e fornecimento de água da cidade de São Roque, por
exemplo, aponta em seus relatórios que 50% da água tratada é desperdiçada em sua
própria rede de distribuição. E o mais chocante é que esse índice está dentro da
normalidade, segundo a empresa, situação que se arrastou pelos últimos 50 anos.
Ou seja, enquanto você toma seu banho mais rápido, a empresa não mostra nenhuma
pressa em arrumar os vazamentos e solucionar a questão da perda da água potável
em sua rede de distribuição, devido falta de manutenção, planejamento e,
principalmente, consciência ambiental.
Nada contra a empresa especificamente, mas com a lógica
do modelo de gestão da grande maioria das empresas do nosso
país.
Enquanto você desliga os aparelhos elétricos da tomada
durante a noite para economizar energia, as empresas e indústrias deixam seus
holofotes radiantes iluminarem seus logotipos por madrugadas inteiras na fachada
de rodovias e distritos industriais, sem qualquer necessidade. Como diria o
narrador Milton Leite, do Sportv: "Que beleza!"
Conheça seus direitos
Em São Roque alguns estabelecimentos não estão mais
oferecendo sacolas plásticas para o cidadão levar sua compra para casa. É
importante frisar para todos os cidadãos que o PROCON de São Paulo divulgou que
os estabelecimentos são obrigados a oferecer aos clientes alternativas gratuitas
às sacolas plásticas, para que possam finalizar suas compras de forma adequada.
É importante destacar que, na ausência de opção gratuita para que o consumidor
possa concluir sua compra, o estabelecimento deverá fornecer gratuitamente a
sacola biodegradável, respeitando assim os ditames do Código de Defesa do
Consumidor (CDC).
Então se você for a um supermercado local e não
oferecerem uma forma para você levar suas compras para casa adequadamente,
denuncie! Afinal, não podemos pagar o pato sem ao menos ter como levar ele para
nossa casa!
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